O primeiro mês do ano de 2023 acaba de se encerrar e o momento é de engatar a primeira marcha em novos projetos. Pensando nisso, para aqueles que atuam no setor do transporte urbano, é sempre interessante entender quais são as tendências que devem se estender pelo ano, a fim de tomar decisões fundamentadas e assertivas.
Hoje falaremos sobre como essas tendências devem ocorrer em território brasileiro e qual efeito elas terão no segmento dos transportes.
Avanço na geração de Energias Renováveis
De acordo com Rogério Pires, diretor da divisão de mobilidade da Voith Turbo para a América do Sul, o país vem vivenciando bons momentos em termos de energias renováveis e, inclusive, mantendo protagonismo global a respeito deste tema. “Temos uma evolução importante na geração de energia elétrica com rápido incremento nos segmentos solar e eólico”, complementa.
Ele conta que este “exemplo para o Mundo” se dá também a partir da capacidade de geração de biogás e diesel de fonte renovável no Brasil: “Em 2023, além da evolução para a normativa Proconve P8 (Euro 6), teremos várias iniciativas em termos de ônibus e caminhões urbanos elétricos a bateria, além de expansão do uso de biometano e biodiesel.”
O especialista continua sua avaliação mencionando ainda a nova iniciativa da Petrobras, chamada “Diesel R”. O material é “Coprocessado com óleo vegetal, reduzindo a pegada de carbono no transporte pesado e suportando a transição energética para menores emissões de CO2”, detalha Pires.
Rogério também esclarece como serão aplicadas as soluções híbridas no território nacional: “Soluções híbridas devem compor ainda esse cenário onde os frotistas e autoridades de transporte poderão optar pela solução que melhor atenda cada necessidade específica, da forma mais sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental”, finaliza.
Frotas conectadas, eletromobilidade e sustentabilidade
A eletrificação das frotas, o uso da tecnologia ITS para a gestão das operações de transporte e a preocupação com os impactos ambientais são temas que devem estar muito presentes não apenas neste ano, mas naqueles que se seguem. Muito mais do que o futuro, estes já representam a realidade do transporte urbano atual e, com isso, trazem também grandes desafios para o setor.
Para falar sobre estes pontos, conversamos com Alexandre Vargha, Presidente do Comitê Auto e Mobilidade da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas):
“O desafio de ter comunicação nas estradas federais o tempo todo nos permite uma reflexão sobre o que precisamos em termos de legislação, infraestrutura e Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS), que atendam a legislação e regulamentação para rumo à eletromobilidade. Estamos falando da Rodovia Conectada e Cidades Inteligentes, no presente e no futuro “, destaca Alexandre.
Em outras palavras, a atuação da tecnologia ITS deve ultrapassar as margens do que se refere à gestão de frotas, isso porque deverá ainda executar papel indispensável para o sucesso da eletromobilidade de maneira segura e sustentável: “A capacidade de inovação e ferramentas que permitam auxiliar na distribuição e gerenciamento da energia, tais como a Inteligência Artificial, certamente trazem uma expectativa de mais Verde e melhoria na qualidade de vida.”
Para Vargha, as incontáveis novas possibilidades encontradas com esse tipo de inteligência “retratam novos rumos para as operações de transportes, monitorados em segundos e traduzidos em conforto, comunicação e segurança para operações logísticas e de entrega nas cidades.”
Isso tudo através de caminhões urbanos e rodoviários rodando em estradas conectadas e que possibilitam baixa latência para a gestão das frotas, melhoria na área de cobertura de telecomunicações 4G e 5G, além de tecnologia embarcada de ponta.
Carregamento dos veículos elétricos no transporte urbano
Muito se especula sobre como as empresas de transporte farão o carregamento dos veículos movidos a energia elétrica. Há preocupação sobre como as operações deverão administrar esta nova realidade de forma inteligente, eficiente, rápida e com consciência ambiental.
Nessa direção, o expert aponta como é que os Sistemas Inteligentes de Transportes podem atuar a favor destes desafios: “Se fazem necessárias soluções e sistemas que monitoram os pontos de carregamento elétrico e a otimização das rotas programadas via redes neurais”, começa ele e continua: “Fatores para segurança da operação nas vias e de outras tecnologias que possam contribuir para a proteção do indivíduo, do veículo e da carga, a fim de perceber e reagir às condições operacionais e de risco ambiental, associadas a Internet das Coisas, e inseridos em uma estratégia muito clara de descarbonização, transição energética e combustíveis mais limpos.”
Em conclusão, Alexandre acredita que o Brasil tem, neste momento, dois grandes desafios a fim de alcançar a maturidade necessária para a implantação das novas tecnologias mencionadas, que são: a busca por maior eficiência no transporte e o investimento na construção de infraestrutura para a mobilidade elétrica.
Já para o futuro, ele pensa que o uso de metodologias digitais deve contribuir para uma mudança cultural que incorpore “conscientização e ações que contribuam para o controle de emissões e cumprimento das metas para os próximos anos.” Ou seja, uma fusão entre o que deve ser feito pelo meio ambiente e pela melhoria da qualidade de vida das pessoas em todo o país.
Definitivamente, não há como discutir transporte urbano em 2023 sem refletir sobre os temas levantados e suas respectivas implicações e demandas. Gostou deste conteúdo? Veja também a nossa matéria sobre a celebração dos 10 anos do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS).